segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014


sexta-feira, 5 de abril de 2013


esse barco atracado no absurdo
não leva mulheres e crianças
homem é o mar e âncora

quarta-feira, 27 de março de 2013

poesiazinha numa fala do samuel


num domingo de manhã:
-filho, vamo curtir a vida?
com um sorrisinho bem largo ele gritava e corria pela casa: -quero! quero!!!
foi até o jardim a cata de uns brinquedos pra levar. demorou um pouco e voltou um tanto mais sério, mas ainda muito feliz:-pai,'onde' é curtir a vida?
pausa e olhar esperto na resposta.

(...)

é...     ...      lá fora...      ... no sol, filhote!

largueou o riso, o mesmo da gritaria e continuou a corrida a caminho da porta... e do sol!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013


 
 
 
 

 
 
 
 
 

 
 
                                                                   é  gol !
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 


é poesia!






quinta-feira, 13 de dezembro de 2012





pássaro mudo, nessa velha cidade seu canto sou eu?
que da roseira, [chega mais perto] sente! pétala e espinho,
meu hino inda  se faz
te entristeces ainda, mais que esfacelado na asa,
mais que a doidice da queda, é a falta do ar? pássaro duro
era mesmo para ser assim,
era cairdes torto oco louco todo [morto?] em cima de mim?
era cair, pássaro-murro!
da amplidão sobrou-se quanto?
um tanto de abismo e estrela
cume, voo, o sublime da pena?
agora a aspereza do chão

e o peso, pequeno que seja, do corpo alífero cansa - eu sei -
mas vivos estamos [         ]  alegria
porque fomos pássaro e isto é belo!
livres lá no alto, leves,               horizontes

por quê o pouso forçado?
o que era mesmo aquilo?
um avião? outro pássaro?

não importa, eu sei.
era maior.
maior que tudo, maior que nós, que a morte

era maior e também não tinha asas.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

hiperbárico

então quiséramos o sublime do mundo o sublime de tudo e, qual um nada, hiperbárico ele nos surpreendeu. se depositava em nossa vontade sim, contudo, mais abaixo de nós, talvez para nos sustentar (hoje ignoto, penso entendê-lo). quando as mãos ao alto ansiavam curiosas o peso e a arquitetura, a linha e a tez, nem percebíamos o sereno grave já a nos apanhar, era o amor. onde só alcançam a poesia e o impossível, creio, o insondável toma forma, e eu deposito ali essa verdade; de que vamos sim, tão unos e ungidos de igual certeza, irmãos de tão longínqua data que nem mais pensamos, nem mais lembramos e o esquecer já não cabe em nós, estamos marcados. e as nossas mãos, que celebram e afagam sabem, elas sabem, dizer da cumplicidade de sempre que nos alisa o peito do lado de dentro, quando o acaso, ou deus, sei lá, se aproxima um pouco mais de nós

quinta-feira, 29 de março de 2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

marcha



de toda rédea que obedeci, homem-boi à porta de casa
nem mugido, nem grito ante o prenúcio sacrifício

besta muda paisagem a fora
marchamos aflitos, marcados de invisível semelhança

novidade estranha aos que se arriscam nas janelas
pisando pesadamente a vida, vamos sem comando
tangidos por não sei que berrante hipnótico
arrancamos sem aviso e determinados

as ruas antigas, acostumadas aos passos já humanizados
se aborrecem de monstrenga criatura a pisar-lhes as entranhas

comemos lembranças, flor, solidão e esse capim cinza da vida
porque nossa fome é a mesma, sempre foi
fome e vontade

o mundo é grande mas não há muito o que levar

nos cascos a quentura do chão, o barro, o pó, o peso d'um corpo
nas mãos a certeza esmagada e os dedos carentes
desacostumados desse gesto rendido a utopias
agora retorcem-se na angústia das lembranças

e vamos. colossais, grotescos, naturais, banzos
senão, quedos do cansaço, noturnos a beira da noite triste,
adormecemos de um sono bovino e morno
ruminando o dia pra recomeçar amanhã essa marcha da vida

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

recanto



do recanto de onde eu venho, o tempo é velho feito ar
e passa como vento que canta entre os caminhos, menino a vadiar
é cego esse menino, e não é triste ouvi falar
transpõe matas, mundos, muros, num sorriso de esgar
me disse um dia assim o que era o azul só de mentar
falou de uns versos que ouviu de um poeta de outras terras
lá de longe, lá bem onde o rio encontra o mar
disse das asas do verso do poeta que a dor fez arrancar
e da história que era linda e não sabia me contar
disse das idas e das vindas, das estradas, do estar
menino livre! eu disse sem pensar...
ele sorriu e num gesto pueril tateando meu sonhar
baixou os olhos, me abraçou e se pôs a caminhar
hesitei em perguntá-lo da partida repentina
me deixei ali plantado em silêncio e despedida
não dele, nem do riso, era adeus daquele olhar

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

fibra a fibra



de onde pousei os olhos talvez
sem que o corpo acompanhasse
e era tempo de distância,
talvez por certo era adiante
onde iria o tal amor

mas sou um homem fraco
e coração por demais que se desdobra
fibra a fibra vai-se embora
com o silêncio da canção

e as mãos banzas acompanham o mundo
tentam em vão agarrar-se em algo
carne, livros, sapatos, alguma flor?
vai o mundo bizarro a tropeção

já quis ficar, já me prostei, e teimoso
quase dei as costas pr'esse mundo vão

besteira! tempo presente, homens presentes
sem mistificação.

mas de delicadeza em delicadeza
dia desses ainda me mato

de esperança, amor e caos
e o que salvar-se dessa errante poesia

sábado, 3 de setembro de 2011


terça-feira, 16 de agosto de 2011


o que ele diz?
ecoava longe
e do que tangia
era a caminho

o que diria, salve?
eram sussurros, sina
erram os sons

e era suave, sinta
algaravia, ouvia?

eram a sós, ouvimos

o que dobravam os cobres
e do silêncio que diziam os sinos




à Mariana Botelho

terça-feira, 19 de julho de 2011

minha caótica canção



filha bastarda de órbita inconcebível
minha caótica canção estilhaçou-se
e de sóis, poeira e vácuo
gravita agora a solidão

bela e fria, perdeu-se em si
buraco-negro,
sua tristeza espacial anoiteceu

e aqui embaixo,
mais abaixo dessa beleza sideral
o mundo lá fora
correndo, girando
por sobre pneus, sobre sapatos
acima de cabeças ocupadas
paira nas ruas
mora sobre a cidade
como infiel certeza
uma magra e lunática certeza
enchendo o céu de impossibilidades

e já o cosmos dessa urbe vã
cega
eu, de mim, não te vislumbro mais
-razão-
pequena ânsia humana
que ainda me arde nos olhos

quarta-feira, 15 de junho de 2011



e tenhas, como queira, uma beleza de raiz
que cega e abissal, busca sustentar-se
e num caminho sem feitio, germina a flor do vácuo

do que teme, solidão e breu
é o sol quem amanhece o fruto

segunda-feira, 23 de maio de 2011

destes campos


destes campos de onde me trazes
-campos de sonho-
memória de arquipélago algum
resido fóssil e vivo

trajetória, me dizes, dessa pouca
por vagas vezes tanta poesia
à procura de difíceis flores
de esteiras de sono, acalanto talvez
que redima essa comédia viva

destes campos me trazes
d'onde o vento carrega cheiros comoventes
a água entrega carinhos gratuitos
e a terra acolhe com tal amor que não há

destes campos venho, bem sabes
e a ti me apresento de novo, feito um sol

não como antes, cheio de mim. aturdido
mas nu, simplesmente nu, um irmão

não mais cativo, não triste
caminhante desesperado, não
partido, mal amado, incompreendido
não! ora, uma mesma pessoa
mesmo homem mas outro

que destes campos de onde venho
o amor cresce a cada dia

e feito um filho que estende os braços
a espera por quem o ampare o corpo e o riso
eu guardo no peito uma calma
que entre um silêncio e outro
relembra a casa, o abraço

que nestes campos -já reais-
minha sempre pastagem
de onde me trazes
e que em ti reverdescem
-eu existo-
pródigo, sem nunca ter saído enfim

sexta-feira, 15 de abril de 2011

descaminho


país antigo e de frágil engenharia
é meu coração absurdo
feito de urgências ele é sertão
onde minha sombra dorme

periférico, rodeia por descuido
essa mãe que embala sonhos
n'uns braços que dormem e sorri

rarefeito e feito um rio
vai dar numa rua muito velha
da qual falam os poetas
e por onde, me disseram, caminham loucos, santos

essa rua, ou rio, ou meu coração
- a tempos que não sei -
precipita-se no mundo endoidecido
e arrasta, rio que é, uma bagagem
não minha! que se diga.
mas de um pertencimento tão sanguíneo, me assusto!

poeirenta, antiquíssima rua, abre caminho
e vai, simplória e humilde por entre a vida
vai levando de tudo, feito um rio
vai, pelas janelas vista, por entre os sapatos poída,
por entre as gentes e a beleza que há em tudo, vai

e leva, caminho que é, meus dias e noites
minhas horas todas, minha pele gasta
e minha condição de homem sobrevivente

à margem dessa rua, porque dela feito,
vai meu coração pelo canto, revirado

revogado em silêncio de esperança
e os pormenores todos reunidos
é no encontro dessa faina parca e sã
que ele, involuntário, arrebenta
e me encoraja, já por nome: carne!
hei que decifrá-la em ti

quinta-feira, 24 de março de 2011

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terça-feira, 15 de março de 2011



qual medida do homem
o andar de lado, pois que pesa o coração
mais que o andrajo dia
de alforria do domingo?

qual seu pesar
secreta palavra que leva consigo
à guisa de ossos do peito
humana indefensável fortaleza?

qual seu passo
medida ínfima
a compor real caminho
que leva, mundo afora
essa roda louca, esse moinho?

trabalha o homem em si
agora, persegue, prossegue
o peso nos ombros,
sua leveza insustentável
que por dentro arrebenta
batida a batida, uma coragem sem nome

sábado, 5 de março de 2011

não faz mal


é. nem tudo vai bem
mas agora é normal
tem gente na rua, tem riso
e no rosto um aviso
que isso tudo é legal!

não tem lei, não tem lama
muita brahma e a chuva
já não se vê no jornal

bem que o gonzaga falou
"cê merece!", tá dito,
e há tempos que isso é igual

mas hoje é dia, é noite
e você se guardou
esperando essa hora chegar
e agora
tem perna de louça, bloco e batuque
tem festa, confete e cordão
tem madrinha, malandro e o truque
é se perder na multidão

que na quarta a carne enfraquece
mas talvez isso nem seja tão mal
vai, faz mais um samba também

e se amanhã acabar seu carnaval?

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

abrigo


é desse abrigo sério e lúcido
onde uma música gasta se repete
e ressoa tímida entre o silêncio
e as vozes que não ouço mais

é dele, por onde idílios vagam
para onde medos notívagos se guiam
e o sono se faz solo e calor

lá, por ser refúgio único
por permanecer sólido e mágico
feito teto a proteger do passado
paredes grossas onde o futuro não entra
e o presente chega devagar por entre as frestas

é lá, onde os nomes não ditos permanecem intactos
e o movimento é ânsia dos móveis

lá, quieta e trágica permanece minha calma
a me dizer com os olhos que o tempo não é nada

e que a vida, por simples espera que é,
é feito estar do outro lado da porta

mas que não há porta alguma

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

o silêncio



e do que calo, por bárbaro e mudo
é feito estar na cova e ser leão, não daniel
e sem fome de carne alguma, sem rugido
espreitar o movimento da pedra
pois o que se quer não é sacies, é liberdade!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

indo



era só um caminho de van gogh
a vida ia
era só um caminho
e vida ia
era só
e ia
era a ida
vida
vinha

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

poema de jardim



umas poucas novas invenções
e a novidade da política nacional
uns rumores pequenos de jardim, uma flor!
alguma poesia que em mim enraizou
e uma carta amarelecida que não li

umas brumas de amores em perfume
e as coisinhas triviais do dia a dia
outras mais sérias do calado sentido,
do mistério engrandecido e frágil
desse meu banzo coração de carne e sonho

de tudo, tudo mesmo que queria te dizer
fiz um poema, menina,
tão seu e acanhado, tão tímido!
que me comove, que emociona só a idéia
de sabê-lo ao palco dos teus olhos

esses mesmos... que em brinquedos
disfarçam a minha dor

e uns segredos que ainda quero tanto te contar

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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ESPAÇO





































dA


























POESIA



































































































































































































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quarta-feira, 3 de novembro de 2010




entre tales e anaxímenes
eu fico com o nexo de anaximandro

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

pátria



de onde venho, venho só
venho de dentro, insípido pó
caminho fugido de mim
e me procuro na trama de um nó

entre o que era e o que se faz
na costura da linha da mão
desvãos, atalhos e trilhos
me cerzem costuras do não

me vou e por onde urdir minha sina
quer por dentro ou por fora, do próprio caminho,
é que faço a haste, a bandeira e o brasão

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

minha poesia


substância futura é essa minha poesia carne
matéria-anti-matéria quântica da flor
meu poema é feito o espírito da pedra
gameta divisível único, amor?

minha poesia é aurora boreal do invisível
e reflexo nítido, nebulosa em cor
é tácita, líquida, sensorial
arde ainda de um antigo fogo, clamor?

é linfa, é lúcida, rarefeita, esplendor
minha poesia é minha, meu servo, meu senhor?

minha poesia é.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

da graça que a vida tem




eram dois palhaços. ele fumava flores pra sonhar com o mundo, um mundo melhor pra ele. pro mundo. ela plantava as flores. grávida de sonhos, regava os risos que ganhavam pra ficarem bem bonitos e conseguirem agradar quem os queria. rendia bem eu acho. bem que parecia ou poderia. ele clow. ela arlequim. se bem que assim sem nome eram melhor, mais gracejado eu acho. eram balés os dois. eram um escracho. ela bem felizinha. ele também mas mais pra baixo. ele sonhava tanto e tão azul. ela era amarela, e sonhava amour le par de jour. se completavam, eu acho. desejavam era a beleza... da vida, parecia.eu era pequeno, lembro bem pouco, mas ainda é mágico.

eram felizes, tinha certeza.

e viviam num colchão.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

minha esperança




feito a certeza do corpo anoitecido
minha esperança sonha
entre calma e inquieta, vaza pelo canto da palavra boca

repete um nome ainda vulto
e cisma a crer um riso novo de palhaço envelhecido

como se o mundo, feito carne sem matéria fosse,
envolve o vazio numa transparência arremessada
e explode um tudo-nada tão real (mas tão real)!
que não se crê.

minha esperança amanheceu completa e nua.

domingo, 17 de outubro de 2010

difícil flor




em constituida num imenso labor
se forma em outra em espécie
uma difícil flor

é música rupestre, carne repentina
mui lenta e morna é que acontece

medida orgânica, poema
madeira viva, amadurece

parece chama amanhecida
bruto amor que se oferece

sábado, 16 de outubro de 2010

banzo sideral



me permaneça em dialeto
e deixa-me te ouvir
na certeza das minhas dúvidas

enraize, se leve,
a urdidura do teu passo
se pesado, vem comigo
e voejemos lado a lado

livres de fato
livres do silêncio se esquecidos
cativos de algum banzo se lembrados

é sideral a substância do que sonho, filho!
mas abissal a tal medida do que falo

guarde, esse pedido feito prece
e sem altares, lhe desejo, in matéria

nos olhos, tenha em ti, o real... esse reflexo dos astros

terça-feira, 28 de setembro de 2010

24 de setembro, 05:02 am ou simplesmente Samuel



no calendário ela já minguava
mas no céu rescendia ainda
cheia de um mistério a desvendar-se
era a lua libriana que virava
e era a noite que escorria ainda morna
anunciando a hora equilibrista
entre o breu e a luz
dois pesos na balança d'uma vida
que indecisa ante as portas da chegada
rompeu a aurora na divisa da justiça
e com o azul dos seus olhos inquietos
tornou o mundo novo de novo de repente

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

sem meios termos



uma flor liberta, eis pois do que falo!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

agosto, azul


desses dias de agosto se faz vento
ou ventos
faz-se flores de orquídea, frio
fazem-se loucos, luas, poetas em despero e calmaria
por esses dias
palavras de muito antes e depois um pouco
já que é o mês oito
em homenagem a agusto, me disseram

fez meu dia de nascer, minha hora
fez-se em mim uma alquímica aurora
que tanto alma e solidão
me dão medo e senhorio
do que seja e sou
visionário e andarilho
palhaço, índio e ancião
me dão paz, louvor, bravura
voz, clamor, loucura
me dão vez, amor, ternura
agora... eternidade

e essa pipa-flâmula que ergui de minha bandeira

minha razão, poesia e grito surdo de vivente!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

sobre dragões e moedas


e esse 'eu' dragão que agora a procura
e anda à cata de um nome
domestica-lo-ia esse teu senso

jamais trinta vis moedas!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

para os olhos de Samuel



desse tempo direi: havia o céu, Samuel!
e há o sol.
diremos um ao outro de nós e sem datas
perceberemos o amor feito música
em silêncio cresceremos como caos
somos feitos para isso, filho!
e veremos os signos da terra
acalmados um a um por cada amanhecer
esperaremos de homens que somos
um durar da verdade que persiste em cada noite
faremos poesia ainda, certamente faremo-la
custe o que custar, eu juro que faremos!
a cada passo teu uma super nova,
a cada riso um flâmula a defender
e de dentre todas as paixões
hei de erguer tua calma por mais alto
desse tempo sim, direi de ti.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

3º ato!



onde moram meus sonhos
fuma flores um arlequim
de pé, num pé e uma bengala
de azul distante feito um nada
abriga a alma num casaco carmesim
divide a vida com um pássaro sem asa,
a mulher e um jardim

Ps. A mulher insiste que ele venda as flores invés de fumá-las!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

2º ato



nessa música triste e rubra que naufraga
prenhe de leveza e já descalça do mistério
agora me vou apinhado de impossíveis

eu, que ostento algum pó e vãs medalhas
rorejado de um sorriso maltrapilho e alucinado
graça faço do sem jeito dessa vida avacalhada

visto a roupa e me percebo um nu sem cadafalço
tão simplório e relampejo que me vale um arlequim
destrono a culpa dos sem pejo e rotos de mais nada

carrego a lira, um louco canto e o carmesim

domingo, 30 de maio de 2010

porque eu quero ser um clown - 1º ato -



alguns ossos me sustentam
uma pele me recobre
há carne no meio
o resto é sonho e absurdo

quarta-feira, 12 de maio de 2010


seu caminho vem por dentro desse sono
de terra e tempos feito a carne do passado
vem de encontro ao que não-novo vai crescer
e perdurar num monumento em homenagem ao eterno
vem sereno e corajoso num balanço d'além sonhos
naufragado dos devires e das águas do mistério
faz-se a própria calma e desapego
nu, sozinho e viajante por vontade
vem gigante de seu novo coração
cativo da lembrança de outras vindas
vem sem medo da viagem
vem sem peso de bagagem
vem, ele agora vem para ficar