sexta-feira, 15 de abril de 2011
descaminho
país antigo e de frágil engenharia
é meu coração absurdo
feito de urgências ele é sertão
onde minha sombra dorme
periférico, rodeia por descuido
essa mãe que embala sonhos
n'uns braços que dormem e sorri
rarefeito e feito um rio
vai dar numa rua muito velha
da qual falam os poetas
e por onde, me disseram, caminham loucos, santos
essa rua, ou rio, ou meu coração
- a tempos que não sei -
precipita-se no mundo endoidecido
e arrasta, rio que é, uma bagagem
não minha! que se diga.
mas de um pertencimento tão sanguíneo, me assusto!
poeirenta, antiquíssima rua, abre caminho
e vai, simplória e humilde por entre a vida
vai levando de tudo, feito um rio
vai, pelas janelas vista, por entre os sapatos poída,
por entre as gentes e a beleza que há em tudo, vai
e leva, caminho que é, meus dias e noites
minhas horas todas, minha pele gasta
e minha condição de homem sobrevivente
à margem dessa rua, porque dela feito,
vai meu coração pelo canto, revirado
revogado em silêncio de esperança
e os pormenores todos reunidos
é no encontro dessa faina parca e sã
que ele, involuntário, arrebenta
e me encoraja, já por nome: carne!
hei que decifrá-la em ti
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Um comentário:
olá... amei seu blog! estou seguindo!
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