sábado, 27 de setembro de 2008


silencio. meus absurdos aguardam
entre sândalos, a voz de teus cabelos
liquifazem por vorazes e tristes
as cores todas do meu nome

o gosto de pétalas devoro e,
enquanto imploro alguma luz
me integro às águas de uma pele
que naufraga os dois sentidos

e assim, descansado e submerso
-permaneço-
sei que enredado em ondas mansas
hei e teus pés enfim banhar


pra sarará

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

os palhaços são poetas bêbados

terça-feira, 23 de setembro de 2008

outro nome


diante do segredo que me destes
ainda debaixo do sol
desentendi outras impaciências
de uma sombra só tomamos asas
e o meu semblante já não era meu
no mais guardado do nome que tinhas
desisti enfim de naufragar, contudo
pudesse eu queimar meus navios
e advinhar a tua mais antiga raiz
e as nascentes que ainda não sangraram
de tua mais faminta calma e plenitude
entre as linhas do destino que traçastes
pudesse eu dar-te outro chamamento
e responderias pela alcunha de mim mesmo
mas com mais amor
e alguns versos que ainda desenho
no limbo lar de tuas mãos
porque me digo do homem que sou
e na revolta faz poemas e não sabe

segunda-feira, 15 de setembro de 2008


esquecemos dentro deste novo céu
um jeito calmo de gritar
que antes ecoava nas velhas cidades
passava pelas janelas abertas
como conclamasse os andejos e
outras gentes prontas
como num suicídio programado
ao erguer de um castelo
numa estrada por onde os caminhantes
chegam até o início do caminho
e que só seguem
aqueles que já foram vencidos

terça-feira, 9 de setembro de 2008


e se nada fica nos meus olhos
que atrás do tempo enxerga em silêncio
outros tons de azuis e lilás
e cristais que não fabriquei

se nada fica, porque onde quero ir
os perfumes não tem nome ainda
e algum poeta precisa chegar
a lhes emprestar uma alma de vidro

e se lá não estive assim translúcido
com meus olhos onde nada fica
em suspenso como o próprio ar

pois se lá inda não existo
inda hei de lá enfim chegar
como serei um dia o mesmo, ou
como sou n'algum outro lugar

de verbo, cheiro, cores e estilhaços
e sem espelhos posso me enxergar