quarta-feira, 27 de maio de 2009

às voltas



com poesia não se faz nada
com o nada todo poema é perfeito
mesmo alheio -o meio- o meu e o seu
mundos estranhos
grandes voltas entorno, inteiro
de tudo ou nada

segunda-feira, 18 de maio de 2009

uma canção silenciosa




ao amor, esse filho exilado da beleza
quero compor uma canção silenciosa
onde cada letra invente um sopro
tão sutil e encantador
mas que venha verdadeiro, assim
de asas abertas e sem medo

e que só aos teus olhos possa se render
seja uma melodia nova
mas diga das raízes do universo
e de belezas não sabidas

diga das minhas mãos ansiosas
e das sem-razões da minha voz
dos meus sonhos inquietos
da tua calma inabitada
dos teus risos e mais nada

uma canção que se faça como queira
e te ouça ao saber que és agora
o destino dos meus passos

sábado, 16 de maio de 2009

segredo incendiado




assim como a tua boca pode
acender o acaso das palavras
tornando em labareda esse meu gesto de papel
e o silêncio que interrompe
os gritos da cidade furiosa
a por de novo cada coisa em seu lugar
assim...
como um pacto ainda não selado
feito um mar incendiado
ou uma repentina flor que amanhece
no meio do caminho
ou lá por onde a noite de desfaz
feito um soluço embriagado
assim, como pode essa chama calmamente
consumir o meu olhar
então, confuso, eu me pergunto:
como hei de sem palavras te dizer
desse segredo que ainda nem existe
e que já quero tanto te contar?

quinta-feira, 14 de maio de 2009



de palavras nuas construirei um jardim
secreto
onde hei de deixar que flutuem
dos campos selvagens, raras flores
que almejam teu nome
e por entre uma e outra
com silêncios e rimas
deixarei que outros risos se façam
livres
e desenhando com a alma
na face da terra molhada
quero erguer desse barro
mais que um busto imortal
quero pois, que o teu rosto repouse
in natura, por entre os meus dedos
então, hei de deixar que o mundo entreveja
de longe, uma história sem fim

quarta-feira, 13 de maio de 2009

sobre bananas e poetas



assim, como bananas! sem mais nem menos, como.
como porque gosto, porque me faz bem e... só!
sei lá se poetas fazem bananas ou se fazem poesia
acho que feirantes fazem ou podem fazer poemas, mas não
B A N A N A S
já poetas podem fazer poesia e fazem com ou sem casca,
com ou sem bananas, com ou sem
mas não 'TEM' que vender, não 'TEM' que explicar o seu "produto" natural
S E N Ã O Q U I S E R E M !
Isso é papel, ou casca de quem não come bananas.
E isso os poetas tem de sobra.

PAPEL, CASCA E BANANAS.
SIM, NÓS TEMOS!

segunda-feira, 11 de maio de 2009






pois que te quero escrever então um verso
que seja terno e delicado, que seja simples
porque sou um homem comum também
e que acredita na beleza que guardam os olhos

de uma tecitura fina e límpida esse poema
que se apresente na liquidez de tuas retinas
e nas muitas róseas rendas destes teus tristonhos lábios

e se de fato não for esse o verso certo
se de fora com palavras não possa eu,
mesmo que bem intencionado
fazer funcionar de novo a tua máquina de sorrir

que saiba ao menos que não sou poeta pronto
não me debruço por sobre as letras nos momentos de folga
saiba que durmo com elas, acordo, permaneço e penso tanto

e que são de tão sensivel trato
que mesmo um carinho mal posto
pode intimidar o que seria a primeira intenção do gesto

mas que se ainda assim, mesmo acertando ao dizê-la:
como os meus dedos pensam nas ondas desses teus cabelos mudos

se ainda assim, o sim for longe por enquanto
saiba
essa música em mim que toca baixo esse teu nome

não depende de máquinas, não se repete e
como se quizesse me fazer dormir

inventa sempre um novo pássaro pra te comparar
mas não como a cantar estivesse e sim

como se tua voz voasse por cima do mundo inteiro, meu amor

sexta-feira, 8 de maio de 2009

das musas, respostas e perguntas de gullar e das minhas



quer seja se for
mas acredito como Gullar
em tendo também uma musa
e a notícia do jornal de hoje

"planetas 'caem' dentro de sóis e desaparecem"

e os planetas alinhados
em uma imensa sideral de ordem atômica
ainda desconhecida
mas que junta numa mesma fila de caminhos
................................................... sonho
os vizinhos como Saturno e Marte e a Terra e Vênus e Urano e Mercúrio
e Plutão
e o sol ainda ser só o sol
menor e muito menos que outros tantos sóis
e que um pequeno planeta chamado gliese 581
foi descobero e tido como o mais leve
fora do sistema solar e que em breve ele



VAI SER DRAGADO PELAS ONDAS DO SOL QUE VAI SER DRAGADO PELAS ONDAS DE UM SOL QUE VAI

e Terra e Vênus e Urano e Mercúrio
e Plutão, mais e mais todos os outros
satélites como os da tua inconcebível geografia
que eles vão com poeira e tudo e mais...
mais os asteróides e essa via que leva
estrelas pra longe de mim
via dos astros... e sendo fato, Ferreira
que tudo isso (junto) só corresponde a 2%
desse sol que viaja naquela velocidade toda

(300 mil km por segundo, não?)


........

ah, então


"O planeta Gliese 581 é o mais leve fora do sistema solar"

DIZIA O JORNAL. & que eu ainda não
tenho
uma Cláudia Ahimsa

quinta-feira, 7 de maio de 2009

rascunho



já que é possivel colocar o tempo
a meu favor
se posso imaginar que meus dedos
deixam marcas e fazem mágicas
de adormecer

escrevo aqui
por entre linhas
e sob o fogo dos teus olhos

sonhos sim sempre
por todas as luzes
desse azul

sobre caminhos, trilhos e pequenas desesperanças


desmascarado um poeta vira a esquina
acompanhado das mais violentas palavras
e devires incertos de sua íntima natureza
na rua uma cigana lê mãos enquanto se coça
um cachorro procura por comida
velhas senhoras disfarçam olhares
enquanto as meninas mostram que cresceram
o poeta caminha enquanto a luz se mexe
desmascarado em meio ao movimento
seus olhos buscam algum sentido
nas janelas e frestas de céu azul
por entre as portas e mesas de bar
por trás das árvores que resistem
por dentro dos sorrisos resignados
um poeta se descobre só
se lamenta em meio ao caos
caminhante calmo das tristezas
desesperado sem motivo e encantamento
ele vale menos que qualquer passante
um poeta em construção e absurdos
decompõem sua própria inspiração
no que é visto e não se vê
desencontra a si no que percebe
encontra escombros em crianças
e sucumbe aos passos tortos
qual embriagados do porvir
ele não se senta em praça alguma
não tem por que esperar que lhe entendam
é como o palhaço daquele circo sem graça
é como o sino da igreja sem fiéis
ou aquele rio sem nome que passa
o poeta não tem rosto
e viaja sem passagem de volta
num trem com muitos destinos

quarta-feira, 6 de maio de 2009

poema ao som de pink moon





tem um nick drake tocando em mim constantemente
tem muito outono no meu quarto ao fim da tarde
tem luzes na cidade que eu queria apagar
tem calçadas encharcadas que são poemas prontos
tem pessoas que eu queria conhecer um dia
tem um gosto de passado o meu olhar
tem noites em que cismo de de ter asas
tem em mim uns choros mal guardados
tem segredos que não vejo a hora de contar
tem estradas que me deixam sem palavras
tem atalhos onde espero de voltar
tem momentos que me deixam muito triste
tem olhares que fiz questão de me lembrar
tem silêncios que eu sei bem o que me dizem
tem amigos que preciso procurar
tem saudades que nem gosto de dizer
tem dizeres que eu preciso retirar
tem gestos que sabem me despir
tem sorrisos que me fazem flutuar
tem muitos eus que eu mesmo não conheço
e outros que já sei onde encontrar

tinha um poema que ia escrever
mas resolvi fumar e me calar

terça-feira, 5 de maio de 2009

poesia vazia & as ruas de ouro preto



enfim e como dante, antes da descida
deixarei possivelmente uma ferida aberta
em que minha aflição possa escorrer
como nas ladeiras de uma cidade velha
ou por entre as pernas d'uma mulher qualquer
porque daqui, do alto dessa poesia toda
posso ver além do tédio
que já não cabem mais palavras de ordem
por entre os sapatos gastos da beleza
e que de toda voz ecoa um grito ardente
e incômodo clamando por mais mitos ou tiranos
incultos, frágeis e sem religião

domingo, 3 de maio de 2009



talvez fosse algum poema isso que vou dizer
dessa vontade estranha que me abriga nesse banzo
desse mim que não sou eu mas se parece
dessa febre que-não-sei a me lembrar
que por enquanto é tudo muito grande ô minha gente
que pra todo lado tem mais e mais que de repente
e que ali já não nos basta de chegar
e que aqui, prestem atenção, é muito pouco
e não me basta essa careta besta a festejar
e de sorrir e dormir contentemente
e me lembrar que eu até (ora vejam)
me lembrar que até posso voar
mas não tenho asas