terça-feira, 19 de julho de 2011

minha caótica canção



filha bastarda de órbita inconcebível
minha caótica canção estilhaçou-se
e de sóis, poeira e vácuo
gravita agora a solidão

bela e fria, perdeu-se em si
buraco-negro,
sua tristeza espacial anoiteceu

e aqui embaixo,
mais abaixo dessa beleza sideral
o mundo lá fora
correndo, girando
por sobre pneus, sobre sapatos
acima de cabeças ocupadas
paira nas ruas
mora sobre a cidade
como infiel certeza
uma magra e lunática certeza
enchendo o céu de impossibilidades

e já o cosmos dessa urbe vã
cega
eu, de mim, não te vislumbro mais
-razão-
pequena ânsia humana
que ainda me arde nos olhos