quinta-feira, 7 de maio de 2009

sobre caminhos, trilhos e pequenas desesperanças


desmascarado um poeta vira a esquina
acompanhado das mais violentas palavras
e devires incertos de sua íntima natureza
na rua uma cigana lê mãos enquanto se coça
um cachorro procura por comida
velhas senhoras disfarçam olhares
enquanto as meninas mostram que cresceram
o poeta caminha enquanto a luz se mexe
desmascarado em meio ao movimento
seus olhos buscam algum sentido
nas janelas e frestas de céu azul
por entre as portas e mesas de bar
por trás das árvores que resistem
por dentro dos sorrisos resignados
um poeta se descobre só
se lamenta em meio ao caos
caminhante calmo das tristezas
desesperado sem motivo e encantamento
ele vale menos que qualquer passante
um poeta em construção e absurdos
decompõem sua própria inspiração
no que é visto e não se vê
desencontra a si no que percebe
encontra escombros em crianças
e sucumbe aos passos tortos
qual embriagados do porvir
ele não se senta em praça alguma
não tem por que esperar que lhe entendam
é como o palhaço daquele circo sem graça
é como o sino da igreja sem fiéis
ou aquele rio sem nome que passa
o poeta não tem rosto
e viaja sem passagem de volta
num trem com muitos destinos

2 comentários:

danúbia pessoa disse...

poetas mineiros...adoram "trem".
com ou sem destino.

bjs.

BIZZORRO´S DO ASFALTO disse...

Muito bacana!