segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

da tristeza absurda


sei que vistes mais de um anjo a domesticar o meu sono
poderiam ser os de sodoma como um primeiro qualquer
eu sei que mantêm poemas enterrados sob estátuas
e que cativas feras absurdas em casa junto dos jardins
sei também que em cada ocaso elabora em minúcias
planos de viagem para depois dos jogos noturnos
ou até, dependendo do trago, um suicídio discreto
das proezas que me contaram, nenhuma te significa
não sabem de mim, por muito, como é tua loucura
teus risos rasgados, tua carne, teus cabelos mudos
guardei teus segredos onde nem sei mais
mas me arranharão por muito ainda as tuas asas
para lembrar que meus pés sonham suspensos no abismo
e que a órbita de teus olhos só eu compreenderei
quando por fim o mar guardar de novo meus mistérios

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