sexta-feira, 11 de julho de 2008
Carlos ou 1ª poesia em branco para meu pai
minha alma (esquisito falar de alma nestes tempos)
não se reconhece nas coisas tantas
dessas ruas sujas
ou pode ser que se reconheça pouco, mas não
na mania apressada de ser (bananeiras já não há),
nessa maneira insana de querer ser mais rápido
e inútil a cada passo. me revolto e fico.
entre os becos mudos, os canteiros sujos
mas com alguma flor.
por entre as portas mal fechadas
as bocas ocupadas,
nos olhos.
porque minha alma é velha como a terra
ou o amor
já caduca, não distingue entre o oco e o andor,
se perde e não sabe mais voltar, esita
se para mim ou para um caminho que não há
e insiste (quase sempre)
de costas pr’esse mundo estranho,
e dorme, calma e morna
recostada em meu ombro humano.
(esse poema foi colhido na fazenda do ar de um poeta gauche que me segurava a mão com a mesma timidez com que eu lhe segredava o amor que trago em mim pelo meu pai)
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Um comentário:
Muito lindo Marden!
Você pôs um amor... como não via há tempos!
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