quinta-feira, 13 de agosto de 2009

entre o fundo e a superfície




desde o dia em que saiu por aquela porta infensa
a prenhe poesia se pergunta o que fazer de seus jornais
que trazem desmentidas as notícias de que tudo vai mudar
e levam a vida estampada em preto e branco por aí
nas notas póstumas de vitrais na catedral
ou por entre os labirintos insanos dessa última flor
vai o poeta inexistente e sem pátria na primeira página
inda fosse o caderno de poesia diária, mas...
leva a poesia pela mão, gritando o seu latim como criança
feito um cego anjo de pedra a bater asas pelas ruas
guiado por um triste arranjo em dó maior sem violino
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
numa noite em meio a tudo o que gravita
feito fosse o que ainda voa e não se vê
feito o nada que, leve, não repousa porque é voz e como a flor
que mesmo sem haste que a sustente não deseja se entregar
e se consome de cálida ternura entre as margens desse abismo

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