terça-feira, 5 de agosto de 2008

história


levei tempo até domesticar
o meu olhar algum vazio
o cheiro da estrada
-e os porões-
gastei os dentes
a medir sonhos
roubei detalhes das manhãs
mas nunca os contei
não são meus ainda (?)
rasguei noites pacientes
com coragem e azuis
violentei muitas e muitas
[quase todas]
as tardes modorrentas de esgar
que essas não passam
de joelhos postos, hereges
...vi tantos sóis!
mesmo sabendo o mal
que causaram às vistas
uns mil luares ou mais
os dedos se lhes tomaram enrrugados
nas recusas do nome de qualquer
me ensurdeceram
sorriem de minhas pegadas
por onde ainda não passaste
sabia de cor as ondas marinhas
mesmo sendo entranha das montanhas
voejei por cima o cimo dos telhados
muito alto para quem tem íris nos chãos
nos recantos, intervalos e silêncios
ouvidos os meus gritos,
riam-se de minha afonia
nunca cantei, mas não por isso
contudo, tua música ainda persiste
em minhas pedras e ossos
enfim, sei de minha história
como um livro antigo
e inédito aos teus olhos
se te concentrares em ler
vais sentir e sentir-me
com um pacto desfeito no escuro
mas que ainda sangra

3 comentários:

Camila disse...

Eu com meus Caminhos...
E você com seu Caos...
Eu posso ler uma "história" naquela mão... sei 'Quiromancia'. Rsrs
Beijo
;)

Francine Esqueda disse...

Nossa! ... sempre fico contente quando encontro blogs como este!
Parabéns pelo visual e pelo clima maravilhoso! Voltarei!
Beijos

Anônimo disse...

"E nossa história nao estará pelo avesso assim, sem final feliz... Teremos coisas bonitas pra contar!"
Ah, do pacto - que nao fizemos - trago lembranças distantes!