terça-feira, 6 de maio de 2008


Vi dois filmes que penso valer a pena recomendar. Um deles é Memórias de uma gueicha. Dirigido por Rob Marshall e idealizado por Robin Swicord, com base no livro homónimo de Arthur Golden. A adaptação gerou polêmica em seu lançamento no oriente.
Conta de maneira sensível e profunda a vida de uma jovem japonesa levada ainda criança para uma escola de gueichas.

A história é comoventemente "guiada" a partir da venda de Chiyo (interpretada por Zhang Ziyi) e sua irmã, pouco antes da segunda guerra mundial, quando são levadas da aldeia de pescadores onde viviam com sua família para "estudar" em uma escola de gueichas. Separadas, somente Chiyo passa a viver e trabalhar na nova moradia, onde é castigada pelas tentativas de fuga para reencontrar a irmã e, como se não bastasse, tem a vida dificultada por Hatsumono, a gueixa que sustenta a casa, e que a inveja pela invulgar cor azul dos seus olhos e pela beleza que em breve começará a desabrochar.

Num país onde a honra e a tradição são mais importantes às vezes que a própria vida, Chiyo vai servir num lugar onde se (ensina) a servir.

Sensívelmente exótico, delicado e dono de uma fotografia surpreendente, Memórias de uma gueicha é de encher os olhos.






O outro é Mar adentro. Um filme do espanhol Alejandro Amenábar, lançado em 2004.
Mar adentro conta a história verídica de Ramón Sampedro (belamente vivido por Javier Bardem), um espanhol que ficou tetraplégico após um mergulho, e viveu 29 anos após o acidente sendo cuidado por seus familiares e lutando pelo direito de “morrer dignamente”, como ele mesmo dizia. Seu caso foi levado aos tribunais em 1993 para conseguir a legalidade da eutanásia, mas o pedido foi negado. Na carta de Sampedro destinada aos juízes, em 13 de novembro de 1996, desdobra-se uma idéia que aparece repetidas vezes no filme: “viver é um direito, não uma obrigação”. Assim, Ramón coloca em cheque a regulação da vida e da morte pelo Estado e pela Igreja e acusa “a hipocrisia do Estado laico diante da moral religiosa”.

Da janela de seu quarto, uma verde paisagem traz o vento do oceano a remexer as cortinas e os desejos de liberdade, de movimento. Daquela abertura da janela, o mundo todo se descortina a Ramon Sampedro. Ainda no início, já na primeira cena, o espectador é colocado no lugar do protagonista, diante dessa janela e dos desejos, sonhos e impossibilidades que se prefiguram. A imagem é usada no decorrer do filme como recurso simbólico, uma fronteira a ser ultrapassada para alçar belíssimos vôos oníricos aos quais o personagem nos leva e que são sua única possibilidade de deslocamento. A câmera é o seu olhar, e também o do espectador. O filme joga com o dentro e o fora, o colocar-se no lugar do outro e depois ser seu observador, e com outros duplos, a vida e o movimento versus a morte e a paralisia, para construir jogos comoventes que envolvem, seja pela sensibilidade no tratamento do tema da eutanásia, pela fotografia ou a trilha sonora.

Enfim, baseando-se numa história real, Alejandro Amenábar consegue em Mar adentro de forma peculiar e comovente, tratar de um assunto muito mais complexo que um "simples caso de desapego pela vida". Por isso já valeria a pena assitir, mas, o filme ainda oferece outros tantos mergulhos numa sensibilidade delicadamente profunda.

Eu recomendo.

7 comentários:

danúbia pessoa disse...

são bons sim. adorei os dois.
até me emocionei. dê vero!
esperarei mais recomendações...

bj.

Anônimo disse...

Não me atrevo assirtir tuas indicações!!

hahaha

São péssimas (não digo estes mas "aqueles" são)!!!

bjss

srta assis

marden disse...

Que bom que viu e gostou Danúbia! Sçao emocionantes mesmo.

srta. assis, imagino que conheça outros tantos títulos que possa indicar então!
Mas, por favor, seja original ao menos em indicar algo que não seja já sabatinadamante reconhecido. Sugestões?
manda aí!

Anônimo disse...

Engana-se, sr poeta.
Não tenho me ocupado (ou desocupado)de arte cinematográfica nos últimos tempos, que por sinal estão escassos.

Mas quando souber, envio sim. Com certeza serão melhores que os por você indicado. rss
Beijos!

marden disse...

Fico na espera então!

Enquanto isso vou vendo uns por aqui mesmo!

marden disse...

(. . . )
Aliás, me lembrei que a pouco rolou a 11ª mostra de cinema de Tiradentes. Destes nomes que aqui se encontram (lista disponível no site http://www.mostratiradentes.com.br), eu só vi dois! Mas posso garantir que são muito bons, principalmente por serem, genuinamente (claro!) nacionais!

Entre longas e curtas, muita vontade e inventividade dos jovens cineastas tupiniquins.

Tem para todos os gostos, credos, cores, idades e filosofias! rs

Da uma olhadinha, quem sabe você não muda de idéia sobre "arte cinematográfica nos últimos tempos"...


LONGAS SELECIONADOS PARA A 11ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES

• 5 Frações de uma Quase História, de Armando Mendz, Cris Azzi, Cristiano Abud, Guilherme Fiúza, Lucas Gontijo e Thales Bahia (MG)
• A Via Láctea, de Lina Chamie (SP)
• Ainda Orangotangos, de Gustavo Spolidoro (RS)
• Alucinados, de Roberto Santucci (RJ)
• Amigos de Risco, de Daniel Bandeira (PE)
• Cleópatra, de Julio Bressane (RJ)
• Corpo, de Rosanna Foglia e Rubens Rewald (SP)
• Crítico, de Kleber Mendonça Filho (PE)
• Deserto Feliz, de Paulo Caldas (PE)
• Estômago, de Marcos Jorge (PR/SP/Itália)
• Falsa Loura, de Carlos Reichenbach (SP)
• Garoto Cósmico, de Alê Abreu (SP)
• Meu Mundo em Perigo, de José Eduardo Belmonte (DF/SP)
• Meu Nome é Dindi, de Bruno Safadi (RJ)
• Mutum, de Sandra Kogut (RJ/França)
• Nome Próprio, de Murilo Salles (RJ)
• Ô de Casa, de Clarisse Alvarenga (MG)
• O Grão, de Petrus Cariry (CE)
• O Senhor do Castelo, de Marcus Villar (PB)
• Onde Andará Dulce Veiga?, de Guilherme de Almeida Prado (SP)
• Os Porralokinhas, de Lui Faria (RJ)
• Otávio e as Letras, de Marcelo Masagão (SP)
• Pequenas Histórias, de Helvécio Ratton (MG)
• PQD, de Guilherme Coelho (RJ)
• Sábado à Noite, de Ivo Lopes Araújo (CE)
• Turma da Mônica - Uma Aventura no Tempo, de Maurício de Souza (RJ)
• Xuxa em Sonho de Menina, de Ludi Lagemann (RJ)

CURTAS SELECIONADOS

• A cidade e o poeta , de Luelane Correa (RJ)
• A maldita, de Tetê Mattos (RJ)
• A psicose de valter, de Eduardo Kishimoto (SP)
• Albertinho, dos Alunos da Rede Pública de Vitória (ES)
• Alphaville 2007 DC, de Paulo Caruso (SP)
• Antes que seja tarde, de André Queiroz (SP)
• Antonio pode, de Ivan Morales Jr. (SP)
• Areia, de Caetano Gotardo (SP)
• Cabaceiras, de Ana Bárbara Ramos (PB)
• Café com leite, de Daniel Ribeiro (SP)
• Câmara viajante, de Joe Pimentel (CE)
• Corpo presente: Beatriz, de Marcelo Toledo e Paolo Gregori (SP)
• De resto, de Daniel Chaia (SP)
• Décimo segundo, de Leonardo Lacca (PE)
• Dia de visita, de André Luiz da Cunha (DF)
• Esconde-Esconde, de Álvaro Furloni (RJ)
• Espalhadas pelo ar, de Vera Egito (SP)
• Eu sou assim - Wilson Batista, de Luiz Guimarães de Castro (RJ)
• Galinha ao molho pardo, de Feliciano Coelho (MG)
• Icarus, de Victor Hugo Borges (SP)
• No rastro do camaleão, de Eric Laurence (PE)
• O lobinho nunca mente, de Ian SBF (RJ)
• O Pipa, de Leonardo Bello (SP)
• Ocidente, de Leonardo Sette (PE)
• Outubro, de Murilo Hauser (PR)
• Por causa do papai noel, de Mara Salla (SC)
• Saindo de casa, de Roberta Arantes (RJ)
• Saliva, de Esmir Filho (SP)
• Sentinela, de Afonso Nunes (MG)
• Sete minutos, de Julio Pecly, Paulo Silva e Cavi Borges (RJ)
• Sistema interno, de Carolina Durão (RJ)
• Trópico das cabras, de Fernando Coimbra (SP)
• Um ramo, de Juliana Rojas e Marco Dutra (SP)
• Um ridículo em Amsterdã, de Diego Gozze (SP)
• Vida fuleira - o artista de rua e a bailarina, de André Sampaio (CE)

VÍDEOS SELECIONADOS

• ..., de Juliano Gomes e Leo Bittencourt (RJ)
• A beleza é uma forma de oração, de Fernanda Goulart (MG)
• A curva, de Salomão Santana (CE)
• A hora do primeiro tiro, de Gustavo Jardim (MG)
• A lenda do brilho da lua, de Gabriela Carolina Dreher de Andrade (SC)
• Água boa, sono bom, de Louise Ganz (MG)
• As aventuras de Seu Euclides, de Marcelo Roque Belarmino (SE)
• Às vezes é melhor lavar a pia do que a louça ou simplesmente sabiaguaba, de Irmãos Pretti (CE)
• Azul, de Themis Memória e Luis Pretti (CE)
• Bartô, de Luiz BoTosso e Thiago Veiga (GO)
• Bem Intocado, de Thelmo Correa (RS)
• Calango, de Alê Camargo (DF)
• Casa em ruínas, de Paulo Miranda (SP)
• Cinco poemas concretos, de Christian Caselli (RJ)
• Cruzamento, de Gustavo Parente e Pedro Diógenes (CE)
• Cuco, de Samira Daher (MG)
• Débeis, de Steffania Paola (MG)
• Difusos nomes no concreto, de Rogério Terra Jr. (MG)
• Doce amargo infinito, de Cássio Araújo (CE)
• E hoje, de Marcelo Ikeda (RJ)
• Eternau, de Gustavo Jahn (RS)
• Eu Hoje estou com fome de amor, de Dellani Lima (MG)
• Eu te amo, de Marcelo Ikeda (RJ)
• Galinha Pintadinha, de Marcos Luporini, Juliano Prado e Alex Leão (SP)
• How to explain contemporary art to dead chicken, de Marcelo Kraiser (MG)
• Idade do vento, de Nycolas Albuquerque (PB)
• Ismar, de Gustavo Beck (RJ)
• Loucos de futebol, de Halder Gomes (CE)
• Lúmen, de Wilian Salvador (MG)
• Lumis, o Vagalume, de Marcelo Tanure (MG)
• Mar e cá, de Bernardo Barcellos, Flora Dias, Leonardo Levis, Lucas Barbi, Luísa Marques, Mariana Kaufman, Raphael Mesquita e Tatiana Monassa (RJ)
• Moradores do 304, de Leonardo Cata Preta (MG)
• Náusea, de Sanzio Machado (MG)
• Novela vaga, de Beto Valente e Dado Amaral (RJ)
• O paradoxo da espera do ônibus, de Christian Caselli (RJ)
• O vazio além da janela, de Bruno Polidoro (RS)
• Parabéns, de Gero Camilo e Gustavo Machado (SP)
• Pé de sonhos, de Vinicius Alexandrino (RJ)
• Pipo Pipa, de Sheila Neumayr e Marconi Loures (MG)
• Rave Passarim, de Fernando Libânio (MG)
• Rivadávia 2010, de Aline X e Gustavo Jardim (MG)
• Sob as mãos inertes as pedras suam, de Louise Ganz (MG)
• Solitário anônimo, de Débora Diniz (DF)
• Torto, de Samuel Alves de Castro (SP)
• Um pra um, de Erico Rassi (SP)
• Uma noite qualquer, de Lello Kosby (DF)
• Viagem à lua, de Cacinho (MG)
• Vida de balcão, de Luciano Coelho (PR)
• Vidança, de Anádia Leite Brito Salomão Santana (CE)
• Wild life, de Wagner Morales (SP)
• Zero Grau, de Ricado Seco e Nele Azevedo (SP)

srta assis disse...

Obrigada pela lista!

O problema não é o cinema, é o 'tempo' mesmo! Curtíssimo...

bj