segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
recanto
do recanto de onde eu venho, o tempo é velho feito ar
e passa como vento que canta entre os caminhos, menino a vadiar
é cego esse menino, e não é triste ouvi falar
transpõe matas, mundos, muros, num sorriso de esgar
me disse um dia assim o que era o azul só de mentar
falou de uns versos que ouviu de um poeta de outras terras
lá de longe, lá bem onde o rio encontra o mar
disse das asas do verso do poeta que a dor fez arrancar
e da história que era linda e não sabia me contar
disse das idas e das vindas, das estradas, do estar
menino livre! eu disse sem pensar...
ele sorriu e num gesto pueril tateando meu sonhar
baixou os olhos, me abraçou e se pôs a caminhar
hesitei em perguntá-lo da partida repentina
me deixei ali plantado em silêncio e despedida
não dele, nem do riso, era adeus daquele olhar
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